lunes, 31 de julio de 2017

MARIA DO ROSÀRIO PEDREIRA


Creía que ya lo había leído todo (es un decir) en poesía portuguesa actual cuando me aparece Maria do Rosàrio Pedreira y me funde los esquemas. Su poesía es tan portuguesa que me sabe la boca a fado cuando la leo, que me tomo una ginginha no Rossio y que me subo en el tranvía ao barrio alto mientras veo el castillo de San Jorge, fiel guardián de la ciudad que tanto quiero. Maria Rosário Pedreira es una maravilla en forma de poemas que llenan de emoción; es poesía de muchas atmósferas, es poesía que merece tal nombre. Os dejo con el emocionante poema que se titula Devagar.

 



Nada entre nós tem o nome da pressa.
Conhecemo-nos assim, devagar, o cuidado
traçou os seus próprios labirintos. Sobre a pele
é sempre a primeira vez que os gestos acontecem. Porém,

se se abrir uma porta para o verão, vemos as mesmas coisas –
o que fica para além da planície e da falésia; a ilha,
um rebanho, um barco à espera de partir, uma palavra
que nunca escreveremos. Entre nós

o tempo desenha-se assim, devagar.
Daríamos sempre pelo mais pequeno engano.

Maria do Rosário Pedreira

 

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